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91 anos do voto feminino

Especialistas falam sobre a luta pela conquista do voto feminino e como as mulheres ainda enfrentam resistência para ocuparem espaços de poder.

No segundo dia da programação do Mês da Mulher AASP, Mônica Karawejczyk, Pesquisadora e Professora de História na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e Paula Bernardelli, Advogada eleitoralista e Membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), debateram, no primeiro painel, sobre os 91 anos do voto feminino. Sob a mediação de Flávia Fornaciari Dorea, Diretora Cultural da AASP, as palestrantes convidadas refletiram sobre o movimento para a conquista do voto feminino e como se dá a ocupação dos espaços de poder político – nos dias atuais – pelas mulheres.
Karawejczyk iniciou o painel falando sobre a importância da luta feminina e das protagonistas do movimento sufragista que culminou, em 24/2/1932, com a conquista do direito ao voto pelas mulheres no Brasil. “Durante muito tempo o direito de votar foi direito de homens, brancos e possuidores de bens”, afirmou Mônica. Segundo ela, toda a resistência imposta pela sociedade para negar às mulheres o direito de votarem e serem votadas girou em torno do pensamento – dominante à época – de que, se as mulheres passassem a atuar nesse universo majoritariamente masculino, a ordem da vida doméstica e familiar restaria comprometida, havendo uma inversão dos papéis masculinos e femininos socialmente impostos.

 
Para a Pesquisadora, o movimento sufragista teve papel de destaque na conquista do voto feminino, pois foi o responsável por lançar holofotes sobre a temática. “Somente no momento em que as mulheres se uniram nessas associações é que suas demandas começaram a ser ouvidas. Essas associações femininas foram passos que ajudaram a consolidar o direito das mulheres na sociedade e fizeram com que a sociedade percebesse que o papel das mulheres não seria prejudicado pelo direito ao voto”, aponta Mônica.


Apesar da importância da conquista feminina do direito ao voto, as mulheres seguem travando batalhas diárias para permanecerem nos espaços políticos que foram criados e pensados para serem ambientes masculinos. Essa é a reflexão que Paula trouxe na segunda parte do painel, ao falar sobre como os papéis de gênero influenciam na representatividade feminina nos cargos políticos. A Advogada especialista em Direito Eleitoral ainda destacou como a língua também é responsável pela segregação, uma vez que a disputa jurídica pela inclusão das mulheres no “masculino neutro da lei” sempre foi vista como algo supérfluo ou meramente simbólico, enfrentando especial resistência por aqueles que defendem a imperatividade da norma culta da língua como instrumento para negação desses direitos.

 
Bernardelli também trouxe para a discussão um importante estudo elaborado pelo coletivo Vote Nelas, que aponta como um dos principais fatores a falta de apoio da família, dos partidos políticos e ausência de uma rede de suporte para que mulheres possam exercer mandatos legislativos em pé de igualdade com os homens. “Por que mulheres que entram na política enfrentam um custo tão alto que os homens não enfrentam? É isso que deve ser questionado”, ressalta a Advogada.


Ao final do painel, os ouvintes puderam enviar perguntas e considerações às palestrantes.

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